domingo, 21 de fevereiro de 2016

O mundo das mulheres reais

“Nem vem tirar, meu riso frouxo com algum conselho, que hoje eu passei batom vermelho. Eu tenho tido a alegria como dom, em cada canto eu vejo o lado bom.” (Mallu Magalhães)

Toda semana tem um assunto em voga nas redes sociais. Desde o carnaval tem sobrado pra nós, mulheres.
Primeiro, a polêmica sobre o bar Quitandinha, que precisou de três comunicados para cair na real e pedir desculpas às garotas, as quais sofreram assédio. Distribuíram vídeo editado, acusaram-nas de não falarem a verdade, entre outras artimanhas. Mesmo que tenha havido exagero de ambas às partes, a verdade é a mesma que ocorre todos os dias: mulheres são assediadas moral e sexualmente e muita gente ainda acha normal. Tem homem que diz: antigamente era melhor, a gente paquerava e elas não reclamavam. Antigamente meu caro, também não podíamos votar!!!
O segundo foi a moça que se rebelou contra a besteirada do tal desafio da maternidade e postar fotos “felizes para sempre”. Eu ignorei, mas o povo leva tudo a sério e a confusão começa.
As duas celeumas são ótimos exemplos das barras que ainda seguramos. Raríssimas são as mulheres que não sofreram algum tipo de assédio. Eu lembro de vários episódios vividos, que nem soube como reagir. Quando criança, senti medo e já mais velha temi que a culpa fosse minha. Nunca tive coragem de conversar com ninguém, as mães não falavam sobre isso. Hoje quando gritamos contra, somos acusadas de mau amadas, histéricas e por aí vai. Mas não aceito mais. Minha paciência é zero, pouco me importa quem é o autor, respondo a altura. Claro, que ainda me aborreço e muitas vezes gostaria de responder com mais calma. Mas não podemos ter tudo, não vim com o chip da “meiguice” instalado.
Quanto à maternidade, vivemos dois lados. O enorme amor pelos filhos, por quem morremos, sem nem piscar, e a dura realidade de ser mãe, amamentar, educar e ensiná-los a serem cidadãos do bem. Criei três filhos sozinha, com ajuda apenas financeira do meu ex-marido. Consegui amamentar cada um durante sete meses, mas entendo quem não possa. É doloroso e cansativo. Porém sempre o fazemos com muito amor, e esse é o lado bom.
Somos cheias de paradoxos, bichos esquisitos, como bem diz a Rita Lee. E cada dia queremos mais, tudo o que é nosso por direito. Pra começar ser mãe é opção. Ninguém será menos mulher por não gerar filhos. Temos muitos caminhos, e essa decisão é nossa. Queremos amar, gozar, trabalhar, escolher, e principalmente, respeito pelas nossas opções. Não aceitamos mais sermos representadas por bundas e corpos falsos ou esculturais.
Quando me separei, com os filhos ainda pequenos, cheguei a ouvir de um colega que dificilmente teria êxito na minha empreitada, sem um homem ao meu lado. Hoje, depois de 30 anos, que não foram nenhum comercial de margarina, mas vivendo tudo com muito amor e intensidade, eu responderia pra ele: Chupa que é de uva!!!


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