domingo, 3 de março de 2013

Livrai-nos de todo o machismo! Amém


“Viver assim, até aguento, desde que eu possa viver livre”. (Raul Seixas)

Como sempre precisamos de um culpado para tudo, começo jogando em meu pai a responsabilidade de não aceitar as imposições desse nosso mundinho de “machos”. Ele, um representante machista de carteirinha, me catequizou para não aceitar seus próprios conceitos e definições. Difícil de entender? Claro que não, ele certamente pensou: com minha filha não!!!!

Até hoje lembro do seu constante discurso: “Estude, trabalho e só então pense em casar”. “Não seja dependente de marido nenhum.” Ou então, “a mulher deve ter sua própria vida!!!”

O resultado é minha eterna indignação frente às injustiças e preconceitos contra as mulheres. Se alguém quiser me fazer subir nas tamancas, - para quem não entende significa irritar-se, perder o bom senso, etc., basta usar a máxima: você “tem que”! E o tempo não amenizou minhas opiniões, continuam até mais abalizadas com a experiência e conhecimento.

É impressionante, como ainda hoje são impostas tantas regras às mulheres, uma cultura que vai, sutilmente, entrando em nossas vidas como água que envolve os obstáculos. Precisamos ser mães perfeitas, donas de casa impecáveis, meigas, falar baixo, aceitar que aquele seu colega no trabalho ganhe mais, apesar de entregar piores resultados que você, e por aí vai.

Para mim, não existe coisa mais chata do que o estabelecido, e não tem nada que me dê mais prazer do que questioná-lo. Apesar de ganhar rótulos de briguenta e atrevida, continuo na minha luta, quase insana, para ser livre.

Mas voltando aos meus ensinamentos anti-machistas, hoje estou certa que meu velho quis me livrar de uma vida com poucas opções de escolha. Priorizando o estudo e o trabalho nos ensinou, a mim e minha irmã, a valorizarmos um bem que ninguém pode nos tirar, o conhecimento.

Meu pai completou agora 80 anos. Continua trabalhando, e principalmente lendo muito. Sei que ultrapassamos os limites de suas definições sobre a independência feminina, e que não foi nada fácil pra ele conviver com um novo mundo. Mas essa sua valorosa semente foi o que fez acreditarmos que podíamos ir mais longe como mulheres.

A ele, meu amor eterno!

domingo, 3 de fevereiro de 2013

Condutor ou Cobrador?


"Eu te desejo não parar tão cedo, pois toda idade tem prazer e medo..."
(Frejat)



Semana passada assisti ao filme “O exótico Hotel Marigold”, que trata sobre a busca de uma nova vida por pessoas já aposentadas, viúvas, sozinhas. São pessoas que já viveram uma vida de obrigações, criação de filhos, casamentos, etc. Partem para a tentativa de uma, talvez a última, oportunidade de outra história mais livre, sem arremedos. 
É interessante ver um juiz aposentar-se e viajar, depois de 40 anos, para encontrar seu grande amor, um outro homem, que deixou, por não terem forças para brigar contra as determinações familiares, ou uma viúva, que opta por não ir morar com os filhos, mas sim, ficar só e trabalhar pela primeira vez na vida.
São pessoas que de uma forma digna e ética, aprofundam-se em seus desejos mais verdadeiros e conduzem suas vidas ao ponto mais próximo de suas realizações. É claro que nem sempre as coisas acontecem como aspiramos, mas e daí? Neste sentido, até os movimentos nos preenchem e satisfazem. 
Conheço pessoas, principalmente mulheres, que quando chegam nesse ponto, não vêem as oportunidades que lhes surgem. Continuam puxando para si obrigações com os netos, cobrando dos filhos, telefonemas, almoços, estilos de vida e por aí vai. Vivem repetindo: “fiz de tudo pela fulana e agora ela me agradece assim”; ou então “quantas vezes deixei de viajar e agora ele dá razão à aquela lambisgóia”!! São os cobradores de carteirinha, fazem da vida deles e dos outros um inferninho particular. Não assumem suas escolhas e querem que alguém se responsabilize por elas. 
Tenho pensado incessantemente nisso. A proximidade da revoada dos filhos, a aposentadoria, a idade, têm esquentado minha cabeça. Não tenho vocação para a segunda opção. Quero aquela aventura vivida simbolicamente pelos personagens do filme. Sinto-me no momento da preparação. Procurar reconhecer meus desejos mais recônditos e deleitar-me.
 Não é fácil. No decorrer da vida vamos carregando tanta coisa sem importância, e agora quero o essencial. Estou na batalha, sei que vou conseguir!!!

domingo, 13 de janeiro de 2013

Novo denovo




“Nossos planos se espreguiçam, estralando todas as juntas e costelas, quando ouvem falar outra vez de novos planos.” (Xico Sá)


Fiquei sem escrever durante um tempo. Penso que períodos de silêncio são saudáveis, para nos alimentarmos de novas idéias e mudarmos algumas antigas. A mudança é sempre bem vinda. Em doses mais ou menos dolorosas, mas sempre vem bem.
Para mim, a mudança tem gosto de brisa fresca matinal. Ela me fascina, razão pela qual, foi o tema em minha dissertação de mestrado. Rejuvenesce, mexe, refresca, move. Implacável, chega para todos, esperada ou não. Mesmo quando não a queremos, ela se impõe soberana. Não está nem aí para nossos combinados! Uma boa dica é sermos protagonistas nesses momentos, sair do papel de vítima. Conheço muita gente que tem tanto medo de mudar, que chega a rejeitar às que chegam com boas novas.
Um novo ano nos dá a impressão que algo chegou ao fim, podemos respirar fundo e dar um novo impulso para recomeçar. O poder para mudar tudo, mais uma chance de reparar nossos erros: vou fazer aquele regime, o qual me deixará com o corpo da Gisele Bündchen, não trocarei a academia por nenhum “happy-hour”, organizarei minha agenda, conta bancária, etc, etc...E na renovação dos planos me perdôo por todos que não realizei no ano passado. Não é um sistema perfeito?
Diante da minha inquietação permanente, estou sempre em busca de novas aventuras. Quero sempre mudar algo em mim, aprender, ler novas estórias e por aí vai. E já senti que qualquer processo de transformação exige planejamento e ação quase ao mesmo tempo. Não adianta só pensar, pensar e pensar. È pensar e agir, e é ela, a ação que sedimenta as transformações tão desejadas.
Portanto para 2013, fiz vários planos, mas cheios de espaços para novas empreitadas. Um deles é dar uma incrementada no meu blog. Conversar mais sobre as possibilidades e agruras da vida a partir dos 50, discutir sobre livros, músicas e tudo que couber aqui. Conto com vocês!!


Feliz 2013 a todos e relaxem, o novo sempre vem!!!