terça-feira, 12 de abril de 2011

Minha noite com Xico Sá



“Ter medo de enfrentar o amor é ir desta para outra mascando o jiló do desprazer e da falta de apetite da vida”.

Numa dessas noites temperadas com amigos e caipiroskas, discutíamos sobre o tipo de homem para cada uma das mulheres presentes. Foram várias as sugestões, quando eu resolvi dar um cunho mais sociológico ao trelelê. Gosto de homens que gostam de mulheres! Ah, assim não vale, você não pode ficar em cima do muro, está tucanando....Não gente, estou falando sério. O rol de reclamações só tem aumentado, estamos fadadas às definições mais inesperadas como: mulher nunca está satisfeita, está sempre querendo um compromisso, quando o homem não sente ciúme ela reclama, e por aí vai. Já me peguei perdendo meu precioso tempo explicando, para um desses adoráveis rapazes, que cada “pessoa” tem sua especificidade, tem qualidades e defeitos díspares, babaquices de uma obviedade ululante!
Lembrei desse episódio semana passada, quando fui ao lançamento do livro do cearense Xico Sá: Chabadabadá - Aventuras e Desventuras do Macho Perdido e da Fêmea que se Acha. Ele nos presenteia com seu olhar romântico em forma de crônicas sobre nossas relações de amor. Li o livro, como se estivesse tomando a primeira cerveja gelada na praia com o sol nosso de todo dia, com muito prazer e saboreando cada gole, digo, página.
Xico se auto intitula como um legítimo exemplar do macho jurubeba. Um tipo de homem que tem como princípio maior o seu amor pelas mulheres. Desculpe amigo, e a liberdade de chamá-lo assim, mas confesso não acreditar num grande número deles a nossa disposição na praça.
Com uma “Carta aberta aos covardes no amor etc.” ao “Jornal nacional do amor”, ou discorrendo sobre a arte feminina do pedir, nossos vestidos, olhares, beijos e xêros, Xico cutucou meu coração. E desde então me pergunto: será que esse gosto amargo que sinto de vez em quando é de jiló???

terça-feira, 5 de abril de 2011

TUDO PASSA, OU NÃO

“Nada do que foi será de novo do jeito que já foi um dia, tudo passa, tudo sempre passará”

Tenho pensado muito na infinidade de coisas que vamos deixando para trás, sonhos, amigos...E não me venham com aquela máxima que, se não são importantes é porque nunca foram, porque eles realmente foram!!!
Os sonhos mudam, recebem novos ingredientes, dão um “upgrade”, - usando o informatiquês! Aí aquilo que até então, se acontecesse, mudaria nossas vidas, passa a valer quase nada.
Algumas pessoas também perdem importância em nosso caminho. Mudamos nosso jeito de pensar, agir e de repente, aquele amigo que adorávamos contar nossos mais recônditos segredos, perde a graça. Quando isso acontece numa relação de amor, a confusão é grande, se não, a distância vai acontecendo aos poucos e pronto, está feito. Às vezes também o afastamento físico provoca o ir embora, e aí, mesmo fazendo mil planos, a perversidade do dia a dia nos impõe a falta de tempo.
Mas o mais legal é reencontrar algumas dessas pessoas. Em alguns casos fazemos uma força hercúlea para que o silencio não nos incomode ainda mais. Penso que o melhor mesmo é sair de fininho, pois discutir a relação nesse momento seria de uma obviedade ímpar! Simplesmente passou, estamos em outra.
Em outros, porém, curiosamente, sentimos um grande prazer, uma vontade enorme de colocar todas as novidades em dia, a confiança é a mesma, o amor continua presente. Penso que essas pessoas nunca sairão das nossas vidas, a distância não será empecilho!
É bom que entendamos os movimentos da vida, nossa e dos que nos cercam. Como bem reparou Guimarães Rosa: o correr da vida embrulha tudo!  O tempo difere para cada um e para todos a vida exige mudanças, questionamentos, escolhas e raramente precisamos de alterações tão radicais. Na maioria das vezes com um tempo de recolhimento e pequenas adaptações saímos mais fortalecidos, sem que para isso optemos obrigatoriamente pela solidão!

terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

APOSENTADORIA

“Penso numa jogada, mas não consigo realizá-la. Meu tempo acabou”.

Foi a constatação de Ronaldo Nazário quando anunciou, no início dessa semana, sua saída do futebol profissional. Dura afirmação, depois de uma carreira mais que vitoriosa, na qual recebeu durante três anos o prêmio da FIFA de melhor jogador do mundo. É claro, que para jogadores de qualquer esporte, a aposentadoria vem cedo e a preparação para uma segunda carreira inicia-se praticamente junto com a primeira. Para nós, pobres mortais, geralmente a aposentadoria vem com a ociosidade, e por isso acabamos brigando contra o tempo das coisas.
Adoro futebol e também já sinto saudades em saber que não teremos mais o “Fenômeno”, com seus maravilhosos dribles e gols aos domingos. Mas, o jeito, agora é torcer pelo Neymar, Ganso, Pato e outros bichos e craques que já estão surgindo.
Aposentadoria é isso. Parar no momento certo e deixar que outros nos substituam dando seguimento ao trabalho que já continuamos de outrem e assim sucessivamente.
Porém, como sabermos o momento certo? No caso do Ronaldo, foram as dores, a desclassificação prematura na libertadores, a raiva exacerbada da torcida corintiana lhe avisaram: acabou o tempo!  Há quem diga que ele deveria ter parado antes, mas foi o tempo dele.
Urge em nós a preparação para a parada. Aprontar-se para reconhecermos o nosso tempo. É triste vermos pessoas que, independente da grana, não conseguem desligar-se de uma empresa e/ou emprego. Legal mesmo, é fazermos como alguns velhinhos espetáculos, também “Fenômenos”, que descobriram outros trabalhos, sem horários e cobranças, só para o deleite e prazer.

terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

Paqueras



Não acredito em fórmulas que definem: homens são de Vênus e mulheres são de Marte. Nem tampouco em “como fisgar um homem em 10 lições”. Estou convencida de que as relações acontecem quando nos sentimos envolvidos, admiramos um ao outro e finalmente nos apaixonamos. Se vai durar para sempre, depende se os dois vão viver muito ou quem sabe....
Mas não podemos fugir ao fato que nos últimos 50 anos a vida das mulheres mudou totalmente. Depois da queima dos sutiãs não restou pedra sobre pedra. Quer dizer, nem toda pedra caiu. O sonho do casamento com casa nova, filhos e tudo mais continua em voga. Para isso, até hoje, mulheres abandonam suas carreiras, profissões e famílias. Vale a pena? Não tenho a menor idéia, parece que às vezes sim, outras não. Mas isso é assunto para outro blog.
O que mudou mesmo foi o árduo exercício da conquista. Os homens, desde sempre, detentores do seu ritmo, se vêem sem saber o que fazer quando as mulheres querem dividir com eles esse poder. Lembro quando íamos para as tais tertúlias, ficávamos esperando que nossos paqueras nos convidassem para dançar as músicas lentas, as quais serviam apenas como desculpa para o atual “ficar”.
Outro dia, conversando com um amigo, ele se disse apavorado com as investidas femininas. Solteiro, depois de 15 anos de casado, foi abordado em um bar por uma garota agradecendo a maravilhosa noite que “teriam”. E ele me perguntava: “o que está acontecendo?”. Traduzindo: por que as mulheres não continuam resignadas e esperam que nós tomemos todas as iniciativas? É meu amigo, esse tempo já era. Nós também queremos decidir sobre a hora da primeira saída, do primeiro beijo, da primeira transa. Transar na primeira vez? Se der vontade...Esperar ele ligar no outro dia? Depende, se você for rápido.
Portanto rapazes, aceitem, divirtam-se, sintam-se lisonjeados. Afinal, como diz aquela música: toda forma de poder é uma forma de morrer por nada! E o melhor ainda continua sob o jugo de vocês: o controle remoto!!!!

segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

ENVELHECER

O segredo de uma boa velhice não é outra coisa senão um pacto honrado com a solidão” (Coronel Aureliano Buendia)

Acho linda essa frase que resume um momento da vida desse personagem de Gabriel Garcia no seu romance “cem anos de solidão”. Não vejo tristeza, muito pelo contrário, sinto sua alegria por estar em contato profundo com si mesmo. Os 50´ deixam cada dia mais claro que estamos envelhecendo. Entretanto, tenho que confessar: não estou dando muita bola pra isso, afinal “o que não tem remédio, remediado está.”
Outro dia estava conversando com alguns amigos, e contei sobre a música que o Arnaldo Antunes compôs para celebrar seus 50 anos. A surpresa foi geral! Ninguém, entre os mais novos, claro, acreditava que o poeta já estava “tão velho”! E eu, sentindo um grande prazer, ao constatar que minha geração está arrebentando e surpreendendo cada dia mais. Aliás, a música chama-se “envelhecer”, e começa logo nos instigando com um paradoxo: “A coisa mais moderna que existe nessa vida é envelhecer!”
Para mim, ele quis dizer: gente, relaxa. Vamos ver qual é essa de envelhecer! Vamos experimentar essa onda com diversão e alegria! Sem essa de fugir e mentir! Para mim, devemos fugir é da mentira, nos assumirmos com nossas dicotomias e olhar pra frente. Usar nossa liberdade para “ser” o que realmente “somos”!
Entretanto, não estou fazendo aqui nenhuma apologia contra aqueles que curtem as modernas intervenções cirúrgicas, botox, ou outros recursos. Não é porque não os usei até hoje, que amanhã, não resolva dá uma ajeitadinha aqui e ali. Penso apenas, que devamos fazer tudo com equilíbrio e parcimônia, para que não percamos nossos olhares, sorrisos.....
Depois de uma certa idade, adoro essa frase, temos que cuidar muito bem do nosso corpinho, para que ele aguente firme, tudo que ainda estamos planejando, principalmente as estripulias e danações!

segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

A ELAS

Se tem bigodes de foca, nariz de tamanduá, também, um bico de pato e um jeito de sabiá. Mas se é amigo, não precisa mudar!”(Edgar Poças)

Tenho boas amigas. Algumas estão comigo há aproximadamente 40 anos e me sinto uma privilegiada. Pena que a gente se veja pouco, mas sempre que posso, estou em contato. Algumas estão mais próximas, trocamos figurinhas de vida, filhos, amores, blá, blá, blá....É muita conversa!!!
Ano passado, quando completei os tais 50', consegui reunir grande parte delas. Foi um prazer inesquecível. Minhas amigas me conhecem. Sabem que sou cheia de defeitos, mas divido minhas virtudes com elas. Nunca passei por quaisquer momentos na minha vida, bons ou difíceis, que não tivesse pra quem ligar. É uma tranquilidade ímpar.
Fico pensando em como elas foram se juntando a mim durante esses anos. Será que escolho ou sou escolhida? Existem parâmetros, tipos, jeitos, gostos? Fazendo uma análise superficial, elas vão de A a Z. Tem umas até que nem gostam do Chico! (Buarque, pra mim um defeito quase imperdoável).
Deve ser, tipo assim: tenho amor pra dá, estou a fim de escutar, de sair para tomar uma, embriagar-se, viajar, falar mal dos homens, falar maravilhas deles, contar mil vezes a mesma história, estudar, discutir todos os assuntos, inclusive àqueles que nem entendemos, correr feito uma louca quando alguém está precisando, ligar por saudades, tristeza, felicidade, e principalmente morrer de rir! Pronto, um ótimo começo. O tempo se encarrega do resto.
Mas, sempre o mas, tem uma característica nas mulheres, a qual não consigo conviver. As “mulherzinhas”!!! São muito chatas!. Imagine, agora, na minha idade, eu ter uma amiga que me diz: Vamos “” nós quatro para o cinema? O “” significa: sem um indivíduo possuidor de órgão sexual de formato cilíndrico, que em seu estado ereto pode chegar a 18 cm, mais conhecido como pênis, piroca, pau... Ainda ouço pérolas assim em 2011 e certamente, minhas amigas não sofrem desse mal.
Então dedico essa mensagem às minhas amigas. E agradeço por suportarem meus bigodes de foca, meu nariz de......

segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

SILÊNCIO

Conversa é pra quem tem dinheiro!
Quem me conhece, sabe, eu adoro conversar. Dar a minha opinião, em assuntos diversos, como política, novelas, comportamentos sociais, e todos mais, é uma das minhas grandes especialidades. Como a gente sempre busca uma explicação pra tudo, acho que devo isso a uma criação não muito permissiva a qual sobrevivi. Se ousasse participar de alguma conversa entre “adultos”, ouvia logo a frase em epígrafe.
Mas voltando ao assunto, a verdade é que os 50' me trouxe uma perguntinha que paira na minha de quando em vez: pra que?????
Quando estou entre amigos, até que se faz necessário as minhas atuações. Mas com pessoas que convivo no meu dia a dia, é mera perda de tempo. As pessoas devem se perguntar: o que essa louca tem a ver com isso? Quem perguntou a opinião dela? È claro que, calam-se, por educação, por ignorar-me ou talvez até por pena. Outro dia, no trabalho, estava esperando uma colega que tratava de um problema da sua área com outra pessoa. Quando dei por mim estava totalmente intrincada no meio da discussão, deixando um dos colegas sem argumentos, batendo forte contra suas solicitações, sem nem escutá-lo. Bater forte é outra grande especialidade minha. Procuro o ponto fraco, uso uma impostação de alta segurança na voz e mando brasa! (essa é do meu tempo). Saí de lá me achando, mas depois vi que tinha criado atritos totalmente desnecessários para quem trabalha numa empresa com mais de 3000 empregados, e precisa diariamente de parceiros para realizar suas atividades. Fora as minhas intervenções não publicáveis!!!
Penso que isso tem a ver com a busca da qualidade em vez da quantidade. Usar minhas “especialidades” para o que importa. Pra que desgastes desnecessários? Pra que perder tempo? A hora é de usar o tempo, as palavras e as ideias, para me divertir!

sábado, 15 de janeiro de 2011

O COMEÇO


“ A graça está é no novo, e quem me dera viver só de começos.”

Encontrei essa frase na minha agenda da editora tribo. A autora á a Carina de Luca. Não sei se gostaria de viver só de começos! Sei que são mais excitantes, divertidos, com cheiro de novo e gosto de aventura. Mas os filhos, por exemplo, tenho achado tão bom vê-los crescidos, amadurecendo, conquistando seus espaços... No trabalho também é bom ter experiência para realizar inovações e buscar novos desafios.
         Penso o mesmo em relação à construção deste blog. O começo não tem sido fácil. Venho adiando há tempos, por preguiça, por medo... Mas a vontade e a precisão estão tornando tudo isso inevitável.
         Completar 50 anos foi o fator que me comoveu e moveu. De repente, passo a lembrar sempre da frase de uma amiga: “Tenho mais tempo pra noivar não!!” Ou seja, fui invadida por uma urgência de vida, de sentimentos, de idéias, de experiências. Não deu certo? Experimento diferente. Estou com vontade de falar? Falo. Não quero ir? Não vou. Nesse turbilhão, a impaciência surgiu como minha maior inimiga.
         Somando-se a tudo isso, a inconstância da menstruação, de hormônios e humor configuram-se partícipes ativos de todo esse processo. Os sentimentos são profundos, muito amor, muita raiva, prazer e tristeza intensos, e tudo isso no mesmo dia. E finalmente a balança. Fui magra a minha vida inteira e agora estou presa a 15 quilos a mais adquiridos nos últimos 2 anos.
         Muita coisa. E mais um começo. Para suportar, resolvi escrever.