segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

ENVELHECER

O segredo de uma boa velhice não é outra coisa senão um pacto honrado com a solidão” (Coronel Aureliano Buendia)

Acho linda essa frase que resume um momento da vida desse personagem de Gabriel Garcia no seu romance “cem anos de solidão”. Não vejo tristeza, muito pelo contrário, sinto sua alegria por estar em contato profundo com si mesmo. Os 50´ deixam cada dia mais claro que estamos envelhecendo. Entretanto, tenho que confessar: não estou dando muita bola pra isso, afinal “o que não tem remédio, remediado está.”
Outro dia estava conversando com alguns amigos, e contei sobre a música que o Arnaldo Antunes compôs para celebrar seus 50 anos. A surpresa foi geral! Ninguém, entre os mais novos, claro, acreditava que o poeta já estava “tão velho”! E eu, sentindo um grande prazer, ao constatar que minha geração está arrebentando e surpreendendo cada dia mais. Aliás, a música chama-se “envelhecer”, e começa logo nos instigando com um paradoxo: “A coisa mais moderna que existe nessa vida é envelhecer!”
Para mim, ele quis dizer: gente, relaxa. Vamos ver qual é essa de envelhecer! Vamos experimentar essa onda com diversão e alegria! Sem essa de fugir e mentir! Para mim, devemos fugir é da mentira, nos assumirmos com nossas dicotomias e olhar pra frente. Usar nossa liberdade para “ser” o que realmente “somos”!
Entretanto, não estou fazendo aqui nenhuma apologia contra aqueles que curtem as modernas intervenções cirúrgicas, botox, ou outros recursos. Não é porque não os usei até hoje, que amanhã, não resolva dá uma ajeitadinha aqui e ali. Penso apenas, que devamos fazer tudo com equilíbrio e parcimônia, para que não percamos nossos olhares, sorrisos.....
Depois de uma certa idade, adoro essa frase, temos que cuidar muito bem do nosso corpinho, para que ele aguente firme, tudo que ainda estamos planejando, principalmente as estripulias e danações!

segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

A ELAS

Se tem bigodes de foca, nariz de tamanduá, também, um bico de pato e um jeito de sabiá. Mas se é amigo, não precisa mudar!”(Edgar Poças)

Tenho boas amigas. Algumas estão comigo há aproximadamente 40 anos e me sinto uma privilegiada. Pena que a gente se veja pouco, mas sempre que posso, estou em contato. Algumas estão mais próximas, trocamos figurinhas de vida, filhos, amores, blá, blá, blá....É muita conversa!!!
Ano passado, quando completei os tais 50', consegui reunir grande parte delas. Foi um prazer inesquecível. Minhas amigas me conhecem. Sabem que sou cheia de defeitos, mas divido minhas virtudes com elas. Nunca passei por quaisquer momentos na minha vida, bons ou difíceis, que não tivesse pra quem ligar. É uma tranquilidade ímpar.
Fico pensando em como elas foram se juntando a mim durante esses anos. Será que escolho ou sou escolhida? Existem parâmetros, tipos, jeitos, gostos? Fazendo uma análise superficial, elas vão de A a Z. Tem umas até que nem gostam do Chico! (Buarque, pra mim um defeito quase imperdoável).
Deve ser, tipo assim: tenho amor pra dá, estou a fim de escutar, de sair para tomar uma, embriagar-se, viajar, falar mal dos homens, falar maravilhas deles, contar mil vezes a mesma história, estudar, discutir todos os assuntos, inclusive àqueles que nem entendemos, correr feito uma louca quando alguém está precisando, ligar por saudades, tristeza, felicidade, e principalmente morrer de rir! Pronto, um ótimo começo. O tempo se encarrega do resto.
Mas, sempre o mas, tem uma característica nas mulheres, a qual não consigo conviver. As “mulherzinhas”!!! São muito chatas!. Imagine, agora, na minha idade, eu ter uma amiga que me diz: Vamos “” nós quatro para o cinema? O “” significa: sem um indivíduo possuidor de órgão sexual de formato cilíndrico, que em seu estado ereto pode chegar a 18 cm, mais conhecido como pênis, piroca, pau... Ainda ouço pérolas assim em 2011 e certamente, minhas amigas não sofrem desse mal.
Então dedico essa mensagem às minhas amigas. E agradeço por suportarem meus bigodes de foca, meu nariz de......

segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

SILÊNCIO

Conversa é pra quem tem dinheiro!
Quem me conhece, sabe, eu adoro conversar. Dar a minha opinião, em assuntos diversos, como política, novelas, comportamentos sociais, e todos mais, é uma das minhas grandes especialidades. Como a gente sempre busca uma explicação pra tudo, acho que devo isso a uma criação não muito permissiva a qual sobrevivi. Se ousasse participar de alguma conversa entre “adultos”, ouvia logo a frase em epígrafe.
Mas voltando ao assunto, a verdade é que os 50' me trouxe uma perguntinha que paira na minha de quando em vez: pra que?????
Quando estou entre amigos, até que se faz necessário as minhas atuações. Mas com pessoas que convivo no meu dia a dia, é mera perda de tempo. As pessoas devem se perguntar: o que essa louca tem a ver com isso? Quem perguntou a opinião dela? È claro que, calam-se, por educação, por ignorar-me ou talvez até por pena. Outro dia, no trabalho, estava esperando uma colega que tratava de um problema da sua área com outra pessoa. Quando dei por mim estava totalmente intrincada no meio da discussão, deixando um dos colegas sem argumentos, batendo forte contra suas solicitações, sem nem escutá-lo. Bater forte é outra grande especialidade minha. Procuro o ponto fraco, uso uma impostação de alta segurança na voz e mando brasa! (essa é do meu tempo). Saí de lá me achando, mas depois vi que tinha criado atritos totalmente desnecessários para quem trabalha numa empresa com mais de 3000 empregados, e precisa diariamente de parceiros para realizar suas atividades. Fora as minhas intervenções não publicáveis!!!
Penso que isso tem a ver com a busca da qualidade em vez da quantidade. Usar minhas “especialidades” para o que importa. Pra que desgastes desnecessários? Pra que perder tempo? A hora é de usar o tempo, as palavras e as ideias, para me divertir!

sábado, 15 de janeiro de 2011

O COMEÇO


“ A graça está é no novo, e quem me dera viver só de começos.”

Encontrei essa frase na minha agenda da editora tribo. A autora á a Carina de Luca. Não sei se gostaria de viver só de começos! Sei que são mais excitantes, divertidos, com cheiro de novo e gosto de aventura. Mas os filhos, por exemplo, tenho achado tão bom vê-los crescidos, amadurecendo, conquistando seus espaços... No trabalho também é bom ter experiência para realizar inovações e buscar novos desafios.
         Penso o mesmo em relação à construção deste blog. O começo não tem sido fácil. Venho adiando há tempos, por preguiça, por medo... Mas a vontade e a precisão estão tornando tudo isso inevitável.
         Completar 50 anos foi o fator que me comoveu e moveu. De repente, passo a lembrar sempre da frase de uma amiga: “Tenho mais tempo pra noivar não!!” Ou seja, fui invadida por uma urgência de vida, de sentimentos, de idéias, de experiências. Não deu certo? Experimento diferente. Estou com vontade de falar? Falo. Não quero ir? Não vou. Nesse turbilhão, a impaciência surgiu como minha maior inimiga.
         Somando-se a tudo isso, a inconstância da menstruação, de hormônios e humor configuram-se partícipes ativos de todo esse processo. Os sentimentos são profundos, muito amor, muita raiva, prazer e tristeza intensos, e tudo isso no mesmo dia. E finalmente a balança. Fui magra a minha vida inteira e agora estou presa a 15 quilos a mais adquiridos nos últimos 2 anos.
         Muita coisa. E mais um começo. Para suportar, resolvi escrever.