quinta-feira, 2 de junho de 2016

Eu sou uma sobrevivente




“Now that you're out of my life, I'm so much better
You thought that I'd be weak without you, But I'm stronger
You thought that I'd be broke without you, But I'm richer
You thought that I'd be sad without you, I laugh harder
You thought I wouldn't grow without you, Now I'm wiser
Though that I'd be helpless without you, But I'm smarter
You thought that I'd be stressed without you, But I'm chillin'
You thought I wouldn't sell without you, Sold 9 million”. ( Survivor - Destiny's Child)

A semana que passou foi emblemática pra nós mulheres. Mais uma vez, casos de estupro, aqui no Brasil, chamaram a atenção do mundo. Digo isso porque, segundo o IPEA, em 2014, podemos afirmar que tivemos um estupro a cada minuto. Ou seja, diariamente tivemos mais de 20 que não chamam atenção de ninguém, fica apenas o enorme sofrimento da vítima. Homens e mulheres envolvidos em uma cultura de silencio e normalidade.
Como enfrentar a barbárie?? Primeiro, é uma guerra de todos. Segundo, precisamos criar nossos filhos como seres humanos igualitários, que respeitem todas as espécies e diversidades presentes em nosso planeta. Todos responsáveis pela casa que habitam, limpeza e cuidado, entendendo que a convivência entre ambos deve ser de parceria e consideração.
Porém, como demoraremos ainda a atingir essa paz, nossa maior arma é a indignação. Não aceitarmos nada, deslizes, "foi só um aperto no braço", piadas, novelinhas que mostram a incapacidade da mulher em reagir, ou seja, em todas as situações. A novela das 7, que acabou semana passada, na maior rede de tv brasileira, tinha um padrasto que tentou por diversas vezes estuprar a enteada. Na primeira tentativa, a mãe da menina preferiu que a filha fosse viver na rua sozinha, a se separar do criminoso. Oi??? 
Até hoje, vemos mulheres sendo criadas para realizarem-se primeiro com seus estados civis, casadas e com filhos, e só depois em suas realizações profissionais e sociais. Os homens não, crescem com a certeza de poderem mais, mais direitos, trabalharem, ter filhos sem preocupação, pois a responsabilidade continua nossa.
Em compensação, conheço mulheres, de todas as idades, acreditando que podem ser felizes, sozinhas ou acompanhadas. Essa liberdade é essencial, a fim de encararmos nossos parceiros como companheiros que nos fazem melhores e mais felizes, não como troféu. E isso muda tudo, pois assim, não aceitaremos nenhum tipo de violência.
O estupro, para mim, a pior de todas, nada tem a ver com sexo. Ë um ato cruel, machista e doente para mostrar quem é o mais forte, simplesmente pela força física. Além de ser rodeado por uma cultura que o favorece, com a busca de justificativas, brincadeiras, culpabilização das vítimas, falta de comprometimento do estado, entre outras.
Já sofri diversos tipos de violência, nunca esquecerei nenhuma delas. Uma vez, aos 18 anos, caminhando de casa ao ponto de ônibus, por volta das 7 da manhã, um homem tentou me agarrar, e até hoje lembro da sensação da sua mão passando pelo meu corpo. Gritei, consegui fugir, voltei pra casa e fomos, eu e meu pai, procurá-lo pelas redondezas, mas não o encontramos. O ataque é sempre covarde.
Minha atitude diante dessa muralha será sempre a tolerância zero. Apesar de ainda hoje vivermos sob a égide do machismo, nenhum tipo de violência contra as mulheres pode ser visto como normal por homens e mulheres. Sabedores das heranças culturais, as quais perpassam desde a era das cavernas, o medo e a acomodação não pode nos calar.
Qual a razão de vivermos diante dessa absurda marca? Convivemos com animais irracionais? Nós, mulheres, ainda somos vistas como objetos, onde uma roupa ou um batom nos qualifica? Que polícia é essa que nos julga e amedronta? É esse país que queremos para nossos filhos e filhas?


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