“Penso numa jogada, mas não consigo realizá-la. Meu tempo acabou”.
Foi a constatação de Ronaldo Nazário quando anunciou, no início dessa semana, sua saída do futebol profissional. Dura afirmação, depois de uma carreira mais que vitoriosa, na qual recebeu durante três anos o prêmio da FIFA de melhor jogador do mundo. É claro, que para jogadores de qualquer esporte, a aposentadoria vem cedo e a preparação para uma segunda carreira inicia-se praticamente junto com a primeira. Para nós, pobres mortais, geralmente a aposentadoria vem com a ociosidade, e por isso acabamos brigando contra o tempo das coisas.
Adoro futebol e também já sinto saudades em saber que não teremos mais o “Fenômeno”, com seus maravilhosos dribles e gols aos domingos. Mas, o jeito, agora é torcer pelo Neymar, Ganso, Pato e outros bichos e craques que já estão surgindo.
Aposentadoria é isso. Parar no momento certo e deixar que outros nos substituam dando seguimento ao trabalho que já continuamos de outrem e assim sucessivamente.
Porém, como sabermos o momento certo? No caso do Ronaldo, foram as dores, a desclassificação prematura na libertadores, a raiva exacerbada da torcida corintiana lhe avisaram: acabou o tempo! Há quem diga que ele deveria ter parado antes, mas foi o tempo dele.
Urge em nós a preparação para a parada. Aprontar-se para reconhecermos o nosso tempo. É triste vermos pessoas que, independente da grana, não conseguem desligar-se de uma empresa e/ou emprego. Legal mesmo, é fazermos como alguns velhinhos espetáculos, também “Fenômenos”, que descobriram outros trabalhos, sem horários e cobranças, só para o deleite e prazer.