“Falar da cor dos temporais, do céu azul, das flores de abril, pensar além do bem e do mal, lembrar de coisas que ninguém viu, o mundo lá sempre a rodar, e em cima dele tudo vale. Quem sabe isso quer dizer amor, estrada de fazer o sonho acontecer”. (Milton
Nascimento)
Certa vez, durante um carnaval no Rio de Janeiro,
comprei um livro em um daqueles sebos maravilhosos, com o título “Sobre o Amor”,
do filósofo americano Jacob Needleman. O que me chamou mais atenção, além do título,
é claro, foi a dedicatória acima.
Duas
pessoas separadas fisicamente, onde um se dizia muito grato por tudo que o
outro havia lhe proporcionado. Será que ainda estão apaixonados, ou só resta a
amizade e gratidão? Viveram muito tempo juntos, ou nunca mais se viram?
O
amor é assim, cheio de nuances, intensidades, cores, ou seja, o negócio mais complicado
do mundo. Livros, músicas, peças de teatro de todo o nosso planeta, falam do amor
ou da falta dele. Filósofos, desde sempre, estudam, buscam entender, e nos dão
várias definições. E ainda, como diz o Chico, “ele pode esperar em silêncio, num
fundo de armário, na posta-restante, milênios, milênios no ar”. Ou você nunca
chegou num lugar qualquer, e sentiu o ambiente tão aconchegante que lhe deu
enorme vontade de sentar e ficar? É ele, cultivado ali.
E
nós vamos amando. Nos apaixonamos, amamos amigos, famílias, idolatramos coisas
ou pessoas. Perdemos nosso eixo, fazemos loucuras, tornamo-nos burros, com
dificuldade de pensar e por aí vai. E a saudade? Ás vezes, amamos tanto algo ou
alguém, que acabamos por odiar outros. Estranho não?
Tenho
pensando muito sobre ele. Certamente por conta do meu primeiro natal sem meus
pais, estou tentado entendê-lo melhor para suportar o meu vazio.
Cada
dia estou mais certa que, o importante é procurarmos sempre ter consciência do
que sentimos, o que nosso amor significa, nos melhora ou nos deixa mais egoístas,
ou seja, pensarmos sobre nós. E isso não tira a graça do amor que sentimos,
muito pelo contrário, nos deixa mais completos e gratos. Começar dentro de nós,
desenvolvendo amor pelo que fomos e somos, me parece ser a melhor forma de
vivermos com ele.
Pois
o amor carnal ou qualquer outro só nos deixa mais plenos, se vier acompanhado
da paz. E paz não é a pasmaceira no amor, é o amor bem-vindo, o amor bonito, onde
fazemos nossas loucuras apaixonadas, cuidamos dos amigos, nos dedicamos aos
filhos, à família. É um amor que nos completa, onde não usamos como bengala e
sim com alegria e muito carinho.
No mais, também acredito que podemos deixar de
amar quem ou o que quisermos. Não somos eternamente responsáveis pelo o que
cativamos (affe). Podemos sim, dar adeus e fechar portas. Depois é só abrir
novas, quando a vontade chegar. Feliz Natal a todos e um novo ano cheio de
amor!