quarta-feira, 23 de dezembro de 2015

O Amor

“Falar da cor dos temporais, do céu azul, das flores de abril, pensar além do bem e do mal, lembrar de coisas que ninguém viu, o mundo lá sempre a rodar, e em cima dele tudo vale. Quem sabe isso quer dizer amor, estrada de fazer o sonho acontecer”. (Milton Nascimento)



Certa vez, durante um carnaval no Rio de Janeiro, comprei um livro em um daqueles sebos maravilhosos, com o título “Sobre o Amor”, do filósofo americano Jacob Needleman. O que me chamou mais atenção, além do título, é claro, foi a dedicatória acima.
Duas pessoas separadas fisicamente, onde um se dizia muito grato por tudo que o outro havia lhe proporcionado. Será que ainda estão apaixonados, ou só resta a amizade e gratidão? Viveram muito tempo juntos, ou nunca mais se viram?
O amor é assim, cheio de nuances, intensidades, cores, ou seja, o negócio mais complicado do mundo. Livros, músicas, peças de teatro de todo o nosso planeta, falam do amor ou da falta dele. Filósofos, desde sempre, estudam, buscam entender, e nos dão várias definições. E ainda, como diz o Chico, “ele pode esperar em silêncio, num fundo de armário, na posta-restante, milênios, milênios no ar”. Ou você nunca chegou num lugar qualquer, e sentiu o ambiente tão aconchegante que lhe deu enorme vontade de sentar e ficar? É ele, cultivado ali.
E nós vamos amando. Nos apaixonamos, amamos amigos, famílias, idolatramos coisas ou pessoas. Perdemos nosso eixo, fazemos loucuras, tornamo-nos burros, com dificuldade de pensar e por aí vai. E a saudade? Ás vezes, amamos tanto algo ou alguém, que acabamos por odiar outros. Estranho não?
Tenho pensando muito sobre ele. Certamente por conta do meu primeiro natal sem meus pais, estou tentado entendê-lo melhor para suportar o meu vazio.
Cada dia estou mais certa que, o importante é procurarmos sempre ter consciência do que sentimos, o que nosso amor significa, nos melhora ou nos deixa mais egoístas, ou seja, pensarmos sobre nós. E isso não tira a graça do amor que sentimos, muito pelo contrário, nos deixa mais completos e gratos. Começar dentro de nós, desenvolvendo amor pelo que fomos e somos, me parece ser a melhor forma de vivermos com ele.
Pois o amor carnal ou qualquer outro só nos deixa mais plenos, se vier acompanhado da paz. E paz não é a pasmaceira no amor, é o amor bem-vindo, o amor bonito, onde fazemos nossas loucuras apaixonadas, cuidamos dos amigos, nos dedicamos aos filhos, à família. É um amor que nos completa, onde não usamos como bengala e sim com alegria e muito carinho.
No mais, também acredito que podemos deixar de amar quem ou o que quisermos. Não somos eternamente responsáveis pelo o que cativamos (affe). Podemos sim, dar adeus e fechar portas. Depois é só abrir novas, quando a vontade chegar. Feliz Natal a todos e um novo ano cheio de amor!